
Está tudo apagado. Não brota uma idéia, um viés sequer. K. não consegue escrever. Sua mente está mergulhada no mais profundo vazio. Talvez ele faça como Monteiro Lobato: começe a escrever para crianças. Mas mesmo assim não rola. Ele tem à sua frente uma porta de aço impedindo-o de sair desse exílio. As lembranças de quando era criança povoam sua alma. O quintal de sua casa era um mundo feliz. Agora que K. ganhou asas ele permanece em hipertrofia. O que vou escrever? Minha vida infeliz? As asas de K. o levam sempre aos alpes da malancolia. A única saída é romper a porta de aço já que as asas são imaginárias. (Geraldo Magela Matias)