domingo, 31 de maio de 2009

POLITICÁLIA


A esquerda o povo a direita
A esquerd o pov a direit
A esquer pov a direi
A esque po direi
A esqu p dire
A esquerda a direita
soberanas...

A PORTA


Forte, tesa, absoluta. Frágil ao corte de um machado num roteiro de filme chamado "Iluminado". Mas existem portas intransponíveis. Chamamos as portas assim porque elas podem ser metáforas. A porta que K. queria era uma chance de poder tocar os lábios de Thelma. Ela andava de maneira lírica e era uma pedra bruta. Pingaram, em sua existência, lágrimas como se fossem o metal dourado da trinca de portas. K. nunca pudera amar como estava amando.
Sentado à frente da do seu quarto, imaginava rostos nas manchas do verniz da porta. O rosto de Thelma não estava lá. Estava em seu coração impedido por portas. K. estava sempre solitário. Como um deus grego castigado. Era violento e iluminado amor. (Geraldo Magela Matias)

sábado, 30 de maio de 2009

A LUA

K. vive sonhando. É seu ofício. Sonhar é como ficar à beira de um rio caudaloso, esperando que algo belo passe, algo que possa ser fisgado. Um motivo que dê esperança; ou dor. Uma flor no meio de uma metrópole poluida é motivo de poetar. Não há outra saída para K.: escrever. Ir até as vísceras. Mergulhar fundo na alma. Mas o que anda mesmo deixando K. espasmado é uma tal Lua. Misteriosa, alegre, senso crítico aguçado. E K., como recomendava Nietzsche, perguntava como criança: será que ela gosta de mim? Será que ela um dia vai me ver? K. às vezes sentia-se um idiota, começava a rir, sozinho, a ponto dos transeuntes ficar olhando com olhos arregalados para ele. Tomou banho de chuva para ver se, numa espécie de sessão mágica", captasse o ser de Lua. Mas não há mais nada a fazer. Até mesmo ficava rimando pobremente Kundera, bela, Kundera, bela.Tudo depende da Lua. Tudo. Numa insustentável leveza do mistério. (Geraldo Magela)