MEUS AMIGOS
Eles sumiram como sonrisal na água
como a água da chuva no chão
Não deixaram mágoas
Nem mesmo revelações
Sobrei-me à sós
Enquanto eles riam com cerveja nas mãos
Seguros como nós
Fui parar num vão
Eles entravam em minha casa
E me chamavam de mestre, comandante
Hoje não tenho nem asas
Só uma solidão abundante
Sou vítima de dois pólos
a alegria louca e rouca
a depressão nos polos
e milhares de comprimidos
sábado, 10 de dezembro de 2016
domingo, 14 de agosto de 2016
MEDO DA MÃE
K. cresceu no meio do turbilhão da alternância entre violência, depressão, honestidade (menos o dia que sua mãe o colocou para falsificar um cheque do seu pai), ignorâncias. O povoado não tinha psicólogos e nem psiquiatras. A mãe de K. procurava terreiros de Umbanda e o Kardecismo para pedir paz e prosperidade. K. mantinha sob total sigilo sua depressão. Uma forte dor no peito. Nos finais de semana ele embrenhava no meio do cerrado que circundava o povoado. Procurava ficar consigo mesmo.
A mãe de K. se reunia com mulheres para julgar quais casas eram mais limpas; quais maridos eram mais generosos com suas cônjuges; falavam dos atores mais lindos das telenovelas.
O pai de K. era um homem honesto, trabalhador. Mas era uma fúria. Quantas vezes ele chegava em casa e atirava as panelas cheias de comida no meio do quintal. Espancava a mãe de K. e tudo era acompanhado por todos os filhos.
Mas o pai de K. morreu. Foi um infarto fulminante. A mãe de K. entrou em depressão. Ela criava um neto chamado Matheus e uma neta chamada Paola. As irmãs de K. eram mães solteiras. A mais velha mancava de uma perna, sofrera paralisia infantil. A outra, a Solange, casou-se com um policial militar e foi-se embora. A partir daí a mãe de K. se transformou. Começou a denegrir os filhos. "Maldita a hora que pari esses filhos". O irmão de K. perdeu um olho. A mãe de K., resignada, começou a cuidar dele. E o irmão de K. inverteu a noite pelo dia. Levanta às 18h, fica acordado até às 8h30. Almoça às 7h30 e tem o costume de comer caldo de feijão e verduras. É a cópia do pai.
K. tem medo da mãe. Ele não se sente à vontade perto dela. K. é bipolar. Dois polos: o pai e a mãe deixaram tal herança para K..
A mãe de K. se reunia com mulheres para julgar quais casas eram mais limpas; quais maridos eram mais generosos com suas cônjuges; falavam dos atores mais lindos das telenovelas.
O pai de K. era um homem honesto, trabalhador. Mas era uma fúria. Quantas vezes ele chegava em casa e atirava as panelas cheias de comida no meio do quintal. Espancava a mãe de K. e tudo era acompanhado por todos os filhos.
Mas o pai de K. morreu. Foi um infarto fulminante. A mãe de K. entrou em depressão. Ela criava um neto chamado Matheus e uma neta chamada Paola. As irmãs de K. eram mães solteiras. A mais velha mancava de uma perna, sofrera paralisia infantil. A outra, a Solange, casou-se com um policial militar e foi-se embora. A partir daí a mãe de K. se transformou. Começou a denegrir os filhos. "Maldita a hora que pari esses filhos". O irmão de K. perdeu um olho. A mãe de K., resignada, começou a cuidar dele. E o irmão de K. inverteu a noite pelo dia. Levanta às 18h, fica acordado até às 8h30. Almoça às 7h30 e tem o costume de comer caldo de feijão e verduras. É a cópia do pai.
K. tem medo da mãe. Ele não se sente à vontade perto dela. K. é bipolar. Dois polos: o pai e a mãe deixaram tal herança para K..
Assinar:
Postagens (Atom)