quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

CANSAÇO

k. está profundamente cansado. Mas não é cansaço físico, é existencial. Ser ou não ser. Para K. a existência vem primeiro que a essência; ele não acredita em deuses para tapear sua alma. Se bem que a Neurociência anda proclamando qualquer espécie de fé em remédio. Uma droga que produz ânimo e esperança. K. sente certa piedade dos cristãos: têm um Evangelho a ser seguido, mas o único que conseguiu foi morto na cruz. Não existe mais ninguém que coloque em prática o manuscrito dos cristãos. São produtores do fundamentalismo e da maior variedade de tentáculos. K. não consegue saber quantas igrejas cristãs nascem por ano. Se reproduzem como células cancerosas.
O sol estava escaldante e K. esperava ônibus. Um homem vestido de terno pregava publicamente a Bíblia.
Pregava um deus bravo, sem piedade. K. sentiu pena do pregador solitário. Ninguém dava a mínima para ele. Uma moça na sua frente carregava debaixo dos braços um livro de auto ajuda: Como Ser Feliz. Na esquina uma loja de artigos de Umbanda. K. sente-se esmagado pela sua melancolia, mas, ao mesmo tempo, sente uma profunda alegria por não seguir os passos de filósofos, psicólogos e cientistas.

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