sábado, 3 de abril de 2010

BRINQUEDO


Ele não possuia amigos. A solidão era como um mar seguro, profundo. Melhor se esconder do que aparecer. Aparecer significa dar satisfações. Dar satisfações provocam mentiras. Por isso o sol batia no rosto de K., mesmo usando o velho chapéu - os homens de hoje não usam mais. K. era diferente. O sol iluminava-0. Caminhos, trilhas, vielas, ruas... amores perdidos, janelas fechadas, milhões de pessoas transitando. Depois de transitar pelas rodas de debates, entre acadêmicos o silêncio agora se basta. Escever para que? K. responde: "e eu sei?" Melhor falar menos possível para K. é um tesouro. Falar além do que convém lhe dói. O mundo parece ficar mais tranquilo com seu silêncio interior. Ele sente o gosto de ficar perdido, de não ter certezas. K. parece uma criança quando escreve. Qualquer palavra lhe serve de brinquedo. Por isso ele vive sorrindo sozinho. Nada vai ser pubicado. (Geraldo Magela Matias)

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