
Não vejo nada além da lua
que derrama luar
sobre pétalas de flores;
mas sei que há uma dança
de astros, destinos, sonhos
no vasto mundo.
O luar é certo e combina
com Luna, nome forte,
deusa romana da lua.
invisível, perspicaz, astuta.
Mulher de si mesma.
Sei também que o luar
derrama sobre seu corpo
a magia, o mistério, o mítico.
- pura intuição.
Onde estará minha linda deusa?
Em cada canto do seu corpo
uma rima bem metrificada
anuncia prazer, desejos, volúpias
- minha imaginação rica como diamantes
Mas a lua é lua.
Ela não irá nortear meus caminhos
para chegar até Luna,
meu doce enigma.
Lançarei minha nau nos mares
para buscá-la.
No mais puro querer,
como o mitológico Jazão e sua
paixão por Medéia,
construirei minha argos.
É um querer antes do querer...
(Geraldo Magela Matias)









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K. vive sonhando. É seu ofício. Sonhar é como ficar à beira de um rio caudaloso, esperando que algo belo passe, algo que possa ser fisgado. Um motivo que dê esperança; ou dor. Uma flor no meio de uma metrópole poluida é motivo de poetar. Não há outra saída para K.: escrever. Ir até as vísceras. Mergulhar fundo na alma. Mas o que anda mesmo deixando K. espasmado é uma tal Lua. Misteriosa, alegre, senso crítico aguçado. E K., como recomendava Nietzsche, perguntava como criança: será que ela gosta de mim? Será que ela um dia vai me ver? K. às vezes sentia-se um idiota, começava a rir, sozinho, a ponto dos transeuntes ficar olhando com olhos arregalados para ele. Tomou banho de chuva para ver se, numa espécie de sessão mágica", captasse o ser de Lua. Mas não há mais nada a fazer. Até mesmo ficava rimando pobremente Kundera, bela, Kundera, bela.Tudo depende da Lua. Tudo. Numa insustentável leveza do mistério. (Geraldo Magela)